Albert Llovera

"Não é necessário competir em corridas de automóveis, ir ao Dakar ou fazer coisas perigosas: a luta de todos os dias, de poder estar onde estamos, é o que nos torna fortes"

"Quem me segue sabe que nasci duas vezes. A primeira em 11 de setembro e a segunda em 15 de março de 1985, depois de sobreviver a um grave acidente numa taça de esqui europeia. Um juiz cruzou a pista quando eu estava a fazer a descida. Não o vi. Embati contra ele, um muro de 120 kg, a uma velocidade de 102 km/h. Tenho uma lesão medular completa, uma D3.

Os carros devolveram-me a liberdade e a independência que perdi naquele acidente, por isso quis competir contra os mais fortes.

Sempre fui um desportista. Já o era antes do acidente. Na verdade, a minha lesão tem a ver com a prática desportiva. Então não é nada de novo. Continuei a fazer o que já fazia. Fui vice-campeão do mundo de basquetebol, 3 vezes vice-campeão da Catalunha em velocidade; primeira pessoa na história do automobilismo que compete no Campeonato Mundial de Rali com pilotos convencionais, campeonatos de Espanha de Rali em asfalto e em terra batida, 7 temporadas a competir no Mundial de Rali com carros adaptados, 8 Ralis Dakar; e assim por diante.

Competir num Dakar é difícil, tens de suportar temperaturas extremas de 50 ou 60 graus na cabine de um camião, chuvas torrenciais enquanto dormes numa tenda de campanha e outras condições extremas. No então, para mim, a parte mais difícil do Dakar começa quando saio do camião. A movimentação numa cadeira no deserto e debaixo de tempestades de areia, dormir num canadense, construir um chuveiro com uma cortina, umas tábuas de madeira e uma caldeira com um temos e uma garrafa de gás; etc...

Por sorte, não foram anos fáceis. Ganhei e perdi, mas sempre desfrutei de cada segundo em estive no carro. Tanto quanto possível, divirta-se para que cada dia conte. Isso é que é sucesso, o resto são distrações."

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